"Todo poder do mundo tenho quando brinco com as palavas..."
AS SERVENTIA DA FARINHA
A farinha é um marco
Que ao nordeste da brilho
Com farinha me farto
De mandioca ou de milho
É tradição de pai pra filho
Come-la frequentemente
Pois se a comida da gente
Tá mole deixa um reboco
Aumenta o que tá polco
E esfria o que ta quente
A farinha agente ama
Pois com tudo é combinada
Com tripa chama uma cana
Com ‘toicim’ outra bicada
Feijão sem farinha é nada
Farinha sem feijão num guento
Separar esse casamento
Aqui não vem ao assunto
Só não pode comer muito
Por que causa entupimento
É branca a de mandioca
A de milho amarelinha
A branca chamada “de roça”
Serve bem numa galinha
De tanto comer farinha
Cuidado pra num entalar
De Faro fafi fafafá
Forofada ferver fumegante
Forte feito fortificante
Agora fale isso sem engasgar
A de milho se faz cancão
Também se come com mel
Com a de roça um belo pirão
Pro de Balta tiro o chapéu
Fazer bolo, biscoito, pastel
A de milho é indicada
Em todo bicho que nada
A de roça cai muito bem
E ela serve também
Pra pescar em fojo piaba
Farinha de milho com leite
Cuscuz, fubá e angu
Farinha da mandioca
Ralada no Caititu
Enfeita o prato antes nú
Deixa em carne engordurada
A gordura camuflada
Pra acabar é a derradeira
Até pra acender churrasqueira
Num é que serve a danada
Foi escrita em poesia
Já foi tema musical
Manoel Oliveira escrevia
Todo seu potencial
“Farinha com feijão é animal”
Cantou Djavan em toada
Da Cruz diz em forma adequada
Que se fosse americana
O baquete de bacana
Era mesmo farinhada
A cocaína é a farinha
Que não quero e nunca quis
É diferente da minha
Deixa gente infeliz
Se cheira com o nariz
Ou aplica com injeção
Com ela não come feijão
E a pessoa fica loca
Farinha boa come com a boca
A que cheira não vale um tostão